segunda-feira, 7 de abril de 2014

...Inclusive nada!


 
 Tudo pode acontecer! Esta é uma frase que denota muita emoção, geralmente citada perante alguma aventura ou oportunidade grandiosa, ou então algum risco que nos imponha medo. E falando em medo, quantas coisas, inconscientemente, deixamos de tentar por causa dele. Há quem diga que o medo, assim como a dor, são agentes protetores. O medo por nos impedir de nós machucarmos e a dor por nos alertar e tentar nos impedir de continuarmos nos machucando.

 O que acabamos esquecendo é que esses dois elementos vão tomando conta de nós, acabam virando um vicio, e por fim nos controlando. Impedindo que demos qualquer passo fora daquela trilha bem marcada onde já passaram milhões de sobrevivente, e não os reais viventes. Aquela trilha afundada pelos pés que se conformaram com o que “devia ser feito” e com o “é suficiente”, que deixaram os sonhos murchar e continuaram marchando no ritmo da musica ensurdecedora da rotina. Trilho daqueles que perderam o brilho nos olhos, e por que não dizer, que perderam os olhos?!  Aqueles olhos que viam as oportunidades onde hoje só há obstáculos.

 Na frase “Tudo pode acontecer!” cabe o universo de cada um, e também reflete o universo de cada um. Em uma recente viajem que fiz a São Paulo SP, uma das maiores cidades do mundo, pude perceber algumas nuances de universos alheios. Para a minha avó materna, dentro do “tudo” que poderia acontecer na minha viajem cabiam um assalto, um desencontro, um possível caminho perdido, um seqüestro e até um assassinato. Para uma amiga mais nova que eu, cabia dentro do mesmo “tudo” uma aventura, um encontro com o amor da minha vida, uma descoberta inesperada, paisagens lindas, festas glamorosas, enfim, tudo muito colorido e brilhante. Claro que usei os extremos como exemplo, e pode ser que minha avó aos dezesseis anos visse tudo colorido e brilhante também, assim como minha amiga, quando chegar aos setenta e cinco anos talvez já não seja tão otimista. Mas enfim, fui à dita viajem, e realmente tudo podia acontecer. E dentre tudo o que se esperava o que aconteceu foi “nada”.

 Nada de extraordinário, nada de trágico, nada de milagroso. Continuo viva e com todos os meus pertences, continuo sem o amor da minha vida e sem o glamour também.  Vi paisagens lindas, conheci e revi pessoas muito especiais, presenciei alguns momentos tristes, e outros lindos. Foi uma viajem tranqüila, me fez bem, mas bem pelo fim valeu muito mais a experiência de avaliar com olhos críticos essa questão das expectativas.

 Conclusão? Se tudo pode acontecer, isso inclui o nada. O amontoado de expectativas que se faz sobre algo de bom (possivelmente maravilhoso), talvez seja o peso que te afunde quando algo der errado ou não acontecer, mas talvez todo esse medo que te impeça de viver colorido seja apenas um artifício de uma expectativa negativa que se mostrará totalmente falsa assim que você levantar e tentar algo novo. Então abandone as expectativas e vá viver, afinal, “tudo pode acontecer”!

Um comentário:

Leila Zancan disse...

tudo de bom sempreeeee... Parabens Priii....